Sobre memórias da infância pt 1
Sabe aquelas memórias de infância que parecem que hora ou outra voltam para a nossa mente do nada? Então, eu tenho uma e ela é sobre o dia em que eu me perdi dos meus pais na livraria.
Eu simplesmente amava livros quando era criança e o meu lugar favorito era a Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi, em Campinas. Ela era enorme, cheia de livros, CDs e revistas, com uma área central que tinha computadores e um cafézinho (e eu simplesmente achava isso o máximo! Lembrando que estou me referindo ao começo dos anos 2000, onde quem tinha um celular, com certeza tinha que levantar a anteninha para atender uma ligação).
Meus pais sempre leram e eu, desde criança, sempre fui incentivada a ter esse hábito também. Quando chegávamos na Livraria Saraiva, eles iam para o que eu chamava na minha cabeça de "parte de adultos", enquanto eu ia toda feliz para a "parte infantil", que era repleta de prateleiras com diversos livros grandes, coloridos, cheios de imagens que me enchiam os olhos. E, obviamente, eu tinha um favorito: o livro da Ninoca.
Tenho certeza de que você provavelmente não tem ideia de quem é a Ninoca, mas, para mim, ela era a personagem mais legal do mundo e tinha os livros mais legais do mundo. Seus livros eram totalmente interativos, tendo partes que saltavam das páginas, dando aquela sensação de ser 3D, e sempre havia alguma setinha que você podia mexer e fazer alguma ação no livro, seja ela mexer o braço de algum personagem, levar uma tigela de sopa até a boca ou fazer a Ninoca escorregar do escorregador. E eu simplesmente achava isso o máximo! Lembro que na época esses livros eram extremamente caros e eu sabia que não havia condições de um pedir um deles para os meus pais, por isso, eu me divertia o máximo que podia com eles enquanto estava lá.
E, depois de algum tempo, minha mãe sempre vinha me buscar para que fossemos embora, já era de costume. Mas, justamente nesse dia (eu devia ter uns 6 ou 7 anos, estamos falando de 2002 ou 2003), eu resolvi ir antes atrás deles. E, de verdade, não tinha segredo, era sempre fácil achá-los - mas não foi nesse dia. Eu fui atrás deles e, ao não encontrar ninguém, voltei para a parte infantil, pois provavelmente alguém devia estar lá. Ao voltar, não encontrei ninguém, esperei um pouquinho e nada, portanto, resolvi voltar para a parte adulta. Acho que fiz isso umas quatros vezes e já comecei a me desesperar. Internamente, eu sabia que os meus pais não me abandonariam, mas eu não conseguia entender o porque não os encontrava.
Comecei a chorar na entrada da loja e uma família composta pelo pai, mãe e filho estavam entrando e, a mãe ao me ver, veio falar comigo, perguntando o que estava acontecendo. Expliquei que não encontrava a minha mãe e ela veio comigo ao balcão e o nome da minha mãe foi anunciado no alto falante, algo do tipo: "A sua filha Caroline se encontra no balcão de entrada". Obviamente a minha mãe chegou rapidamente e me explicou que apenas nos desencontramos e eu parei de chorar. Hoje, morro de dar risada com essa história, pois foi um dos maiores micos que já passei, mas no dia, sofri muito.
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