Sobre a hipocrisia/autoconhecimento
Li uma frase em um dos artigos do site Collab Blog outro dia que dizia: “A great way to understand yourself is to seriously reflect on everything you find irritating in others” — Em tradução livre, “Uma ótima maneira de entender a si mesma é refletir seriamente sobre tudo o que você acha irritante nos outros”. Após ler essa simples frase que diz muito sobre a nossa essência, parei para refletir nos pontos que me incomodam nos outros e eis que montei uma lista:
1. Pessoas barulhentas ou que falam alto
Sou uma pessoa que gosta de ficar só no meu canto, em paz, sem muito barulho por perto e, a cada ano que passa, valorizo mais o meu espaço pessoal e a minha individualidade. Sou uma pessoa mais introvertida, apesar de conseguir socializar tranquilamente com os demais, e valorizo muito ter um momento só para mim, mesmo que isso signifique não fazer nada — Mas não fazer nada no meu canto, sozinha e em silêncio.
Portanto, estar em locais muito barulhentas, seja pela música ou tom de voz das pessoas, me incomoda demais. E é engraçado que eu só percebi o quanto nós, brasileiros, falamos alto quando saí do país. Devido à familiaridade e pelo fato de nos ouvirmos todos os dias, não notamos isso com frequência, mas, na minha terceira vez no Brasil depois que passei a morar fora, fui num shopping com meus pais e, simplesmente, fiquei irritada com o volume da fala das pessoas, nós falamos muito alto uns com os outros. E quando viajamos, é fácil perceber onde há um grupo de brasileiros pelo mesmo motivo (que fique claro que isso não é um problema, é apenas uma constatação que fiz).
2. Pessoas que querem ser o centro das atenções ou fazer tudo ser sobre si
Tenho pavor de ser o centro das atenções em situações que não me sinto preparada ou confortável com o assunto que está sendo discutido — Por esse motivo, eu sempre estudava muito para as apresentações escolares ou do trabalho, porque, para mim, o problema não era falar, mas sim saber sobre o que estaria falando; isso sim me deixava, e deixa, confiante.
No entanto, tem pessoas que, mesmo sem saberem o que estão falando, gostam de ter toda a atenção para si e simplesmente fazem qualquer assunto ser sobre si, pois precisam dessa atenção ou de um retorno por parte das demais. E, para conseguirem isso, muitas fazem falam opiniões polêmicas, inventam mentiras ou são deliberadamente inconvenientes para conseguirem chamar a atenção para si. Dessas pessoas, tenho apenas pena e desejo que consigam curar o que as fere, sem arrastar ninguém para o seu show de horrores no meio do caminho.
3. Pessoas que não são educadas com as outras (principalmente com que as estão servindo de alguma maneira)
“Por favor”, “com licença” e “obrigada” são o mínimo que cada ser humano pode usar para interagir com os demais. É o mínimo de respeito e gentileza esperada do próximo, mas, mesmo assim, muitas pessoas se esquecem das boas maneiras quando estão rodeadas de pessoas próximas, especialmente se os mesmos têm mania de grandeza ou se acham superiores aos outros.
Pessoas que não tratam bem garçons, faxineiras, motoristas, por exemplo, com certeza não são boas pessoas por dentro e só estão externalizando isso através do seu comportamento, deixando aparente o seu pior lado — Talvez o único?
4. Pessoas que se acham melhores que as outras
A arrogância é um ponto que me pega demais. Fico feliz em saber que algumas pessoas tenham feito um mestrado, falem outro idioma ou por viajem para o exterior — Mas, no final das contas, quem é que se importa? É tão mais bonito quando o assunto surge naturalmente em uma conversa, vindo de uma dúvida genuína, ao invés de ter uma pessoa forçando um determinado assunto em qualquer contexto apenas para poder se destacar e mostrar o quão melhor que os demais ela é. Novamente, apenas tenho pena.
5. Pessoas que só querem saber da sua vida
Sabe quando uma pessoa se aproxima apenas para começar a perguntar sobre a sua vida, mas não porque ela se importa verdadeiramente com você, mas, sim, porque ela simplesmente quer saber o que você tem conquistado, onde anda falhando ou para fazer uma comparação na qual ela se mostra tão melhor do que você?
Não seja essa pessoa, por favor. Todos agradecemos.
6. Pessoas que querem se aparecer em cima de outras
Tem sempre aquela pessoa que anda infeliz, não conquistou nada, mas que ama dizer “meu filho é advogado e ganho tantos mil por mês”, “minha prima viajou para o exterior e comprou uma bolsa de grife muito cara”, “minha tia mora em uma mansão, com seis quartos” — E, atenção, não há nenhum problema as pessoas terem as suas conquistas, mas há um problema em ter uma pessoa que só saber falar de coisas que não lhe dizem respeito, pois não é ela que realizou todas essas coisas.
As pessoas as quais ela se referem muitas vezes são mais reservadas com relação a suas vidas e mal tocam nestes assuntos, mas, a pessoa inconveniente, pelo contrário, ama explanar sobre qualquer assunto que as possa conectar com essas pessoas e, que de alguma forma, também acreditam conectar com as vitórias delas.
O silêncio é de ouro e as pessoas precisam se atentar mais para isso.
Após fazer essa lista, no mesmo site que citei anteriormente, havia outra reflexão: “What annoys me about other people that I sometimes do myself?” — Em tradução livre, “O que me irrita nas outras pessoas que às vezes eu mesmo faço?”. E eu tive que pensar um pouco sobre os pontos que acabei de citar porque, de fato, somos hipócritas e muitas vezes criticamos algo ou alguém, mas temos as mesmas atitudes.
Às vezes, falo alto e quando percebo que estou fazendo isso, me sinto ridícula, porque sou sempre a primeira pessoa a reclamar desse comportamento; sou extremamente educada com todas as pessoas que encontro ou convivo, mas confesso que poderia ser mais gentil; ao invés de ficar em silêncio, poderia tomar a iniciativa de fazer mais perguntas para gerar uma conversa, mas algumas vezes me calo por medo de ser inconveniente; poderia me informar mais de certos assuntos para evitar me sentir constrangida caso me torne o centro das atenções de um assunto que não me sinto confortável ou não tenho uma opinião a respeito.
Por isso, é sempre bom notar o que nos incomoda nos outros para podermos corrigir isso em nós mesmos. Afinal de contas, somos apenas um espelho das pessoas que nos cercam e nós só podemos dar para os demais o que cultivamos por dentro.

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