Sobre rotinas, criação de hábitos e falhas

Em uma das várias newsletters que recebo diariamente na minha caixa de email, uma delas me redirecionou para o site do projeto Save Wisdom (em tradução livre, algo como "Salve a Sabedoria").

Basicamente, a proposta deles é que você grave um áudio em um gravador físico com a resposta das 1000 perguntas que são sugeridas no site para que você possa criar um arquivo pessoal com as suas memórias e experiências, podendo também refletir sobre elas e conhecer melhor a si mesmo sem ter de depender de um local onde hospedar as faixas de áudio, como, por exemplo, na nuvem ou em uma plataforma externa, na qual você não está totalmente no controle dela - O que vai totalmente contra a premissa deste blog, que serve como um espaço digital para que eu possa compartilhar as coisas que são bem irrelevantes para os outros, mas que fazem sentido para mim :).

Eu simplesmente adorei a ideia, mas não queria ter que comprar um gravador para fazer isso, portanto, comecei a escrever no meu diário a resposta de algumas das perguntas e, logo a primeira delas, é "qual é a sua lembrança mais preciosa da infância?".

Para mim, foi bem fácil chegar nessa resposta porque notei que a minha vida sempre aconteceu ao redor de hábitos, portanto, o mesmo evento era repetido inúmeras vezes por semanas, meses e, até, anos. Todos os domingos de manhã, meus pais iam a uma banca de jornal que ficava próxima a minha casa e compravam uma revista Veja, um caça palavras, alguma revista de jogos para o meu irmão e um gibi da Turma da Mônica para mim. Depois, íamos dar uma volta no zoológico da minha cidade e comíamos um pastel e tomávamos um sorvete Skimo (aquele com a casquinha de chocolate por fora e recheio de baunilha por dentro - uma delícia até hoje!).

Também, durante os períodos de férias escolares, umas das coisas que a minha mãe fazia era levar eu e o meu irmão para o shopping de uma cidade próxima, na qual tínhamos o costume de ir, mas não com tanta frequência, e lá, sempre comíamos um pão de queijo - que na época era enorme - em um dos quiosques que tinham ali. Eu adorava esse shopping e amava ir lá durante a semana, fazer uma coisa diferente. E, por coincidência ou não, fiz faculdade na cidade desse shopping e passei a frequentá-lo com uma certa frequência durante os cinco anos do curso de Engenharia que fiz.

E, a verdade, é que meus pais fizeram com que eu crescesse com rotinas muito bem definidas: Hora de acordar, hora de dormir, hora de tomar café da manhã, almoço e janta, hora de tomar banho, fazer a lição de casa e as atividades extracurriculares. Por isso, acredito que para mim ter uma rotina não é algo incomôdo ou chato, mas sim, uma parte de mim. Eu amo saber qual é a minha programação para o dia, quais são as atividades que preciso executar e o que vou comer, por exemplo. Isso faz com que eu me organize com antecedência, traz um direcionamento para o meu dia, passa uma sensação de controle da situação e da minha vida, além da sensação de "consegui cumprir tudo" no final do dia. Rotinas me trazem paz.


Por isso, fico tão assustada, desnorteada, totalmente perdida, quando as coisas não saem do jeito que eu planejei. Sinto que não aproveitei o dia da maneira como deveria ou poderia, que não cumpri com as minhas obrigações, que não fiz o que devia ter feito e, que de um jeito ou de outro, acaba se tornando uma autosabotagem. E, quando eu me descontrolo, o único lugar que encontro conforto rápido é na comida - Mas isso é assunto para outro post.

Hoje, lido muito melhor com as situações que não acontecem do jeito que eu planejei, mas não quer dizer que seja menos frustrante. Mas, acredito, que hoje em dia não sou mais tão rígida comigo mesma e estou aberta a ver as coisas de uma maneira diferente. Basicamente, o que não tem remédio, remediado está. Se não há nada que eu possa fazer, o jeito é encarar as consequências e tentar voltar para a minha rotina o quanto antes, finginfo que nada aconteceu. Mas também é tentar identificar onde ocorreu uma falha para que, da próxima vez, eu possa fazer algo diferente. Não é nada fácil e requer uma maturidade enrome de nós mesmos, mas acredito que seja exatamente esse o exercício e reflexão que fica.

As rotinas e hábitos existem para facilitar a nossa vida e não para nos colocarmos contra nós mesmos. Espero que, de uma maneira ou de outra, esse post tenha te ajudado a refletir um pouco sobre os seus hábitos e quem você é - Ou quem você quer ser ao mudar os seus hábitos.

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